Vou postar aqui uma entrevista que fiz com minha amiga Natasha Wood! Esta matéria faz parte da edição 181 da revista Cover Guitarra – da qual sou responsável pelos testes de equipamentos. A referida edição estará totalmente reformulada em termos de layout, diagramação, conteúdo e direcionamento editorial.
Bom, vou reproduzir na íntegra a matéria que será publicada:
Nesta nova coluna, conversaremos com diversos (as) guitarristas de todas as partes do planeta. Aproveitamos o “boom” da internet e das redes sociais para interceptar e descobrir velhos e novos talentos, utilizando apenas um critério simples, a paixão pela música. Não discriminamos estilo, nem nacionalidade, podem participar profissionais, amadores ou amantes das cordas, que tenham seu trabalho divulgado na rede.
Nesta coluna de “inauguração” que tenho o privilégio de dar o “pontapé inicial”, conversei com uma guitarrista que descobri através do site MySpace. Ela é Natasha Wood, que apesar de americana é brasileiríssima de coração!
Ela é guitarrista, pianista, cantora e compositora. Nasceu de uma família de músicos e desde cedo nutre uma verdadeira paixão pela música brasileira.
Natasha formou a banda Fala Bashu, juntamente com o baixista Matt Gordon e baterista David Gardner. A banda lançou seu primeiro álbum, "Drifting into Unconsciousness”, em 2008. Conversei com Natasha, que contou um pouco de sua paixão pela nossa música e falou também de detalhes sobre sua carreira musical.
Entrevista:
No seu perfil do MySpace, você cita ascendência materna brasileira. Como a música do Brasil e a bossa nova se tornaram grandes influências para você? Quais discos ou artistas você costumava escutar?
Desde criança escutei samba e bossa nova porque a minha mãe e meus avôs sempre tocavam os discos de Antônio Carlos Jobim, Elis Regina, Gal Costa, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Maria Bethânia e outros. De vez em quando, até um forrozinho tocava dentro de casa. Eventualmente comecei a ouvir outros artistas como Marisa Monte, Djavan, Caetano Veloso, Banda Black Rio, Olodum, e instrumentistas como Baden Powell, Romero Lubambo e César Camargo Mariano. Também assisti shows de artistas locais brasileiros como: Kátia Moraes e Sambaguru. A lista é muito grande.
De onde você tira a inspiração para os seus temas? Você compõe mais na guitarra ou no piano?
Geralmente componho canções sobre amizades, pessoas que são interessantes na minha vida, lugares por onde tenho viajado e os meus animais – sou doutora em medicina veterinária! Nos últimos anos componho na guitarra, mas como originalmente sou pianista, estou tentando voltar ao piano e experimentar outros estilos de música. O piano oferece um mundo de possibilidades diferentes para um compositor. Também estou compondo mais em português, apesar de ser um pouco difícil para mim. É sempre mais fácil compor na língua nativa.
Seu trabalho musical tem muitas influências de jazz, como você trabalha os improvisos? Gosta de fraseados lineares ou raciocina de maneira vertical, valorizando os acordes?
Para mim, a melodia é super importante. Por isso quando improviso, sempre tenho a melodia e a progressão de acordes na cabeça. Procuro improvisar ao redor dessas coisas. Mas estou tentando incorporar uma forma mais vertical. De vez em quando saio do encadeamento e trabalho outras modulações – afinal de contas, um pouco de dissonância pode ser uma coisa boa.
Você tem acompanhado o cenário atual da música brasileira? Algum artista em especial tem merecido a sua atenção?
Devo admitir que adoro os artistas do passado, mas alguns dos meus favoritos são mais contemporâneos: Marisa Monte, Maria Rita, Daniela Mercury, Chico César, Djavan e as legendas musicais que ainda estão na ativa, entre eles: Gal Costa e Caetano Veloso.
Quais os músicos que costumam trabalhar com você?
Geralmente toco com músicos de Los Angeles que possuem uma diversa experiência musical – desde estilos como o jazz afro-cubano, folk-rock americano até música carnática indiana. Minha aventura mais recente me levou às ilhas Cook, onde tive o prazer de colaborar com o vocalista/guitarrista Tok Haurua. Também estou tocando com meus primos, que são músicos de jazz maravilhosos. O meu tio, John Wood, é pianista profissional de jazz Eu me inspiro muito nele. Sinto-me afortunada por ter a oportunidade de tocar e cantar com artistas talentosos. Esse intercâmbio de estilos é importante para minha música. Cada vez que tocamos juntos é uma nova aventura. Sempre estamos aprendendo uns com os outros.
Qual o seu equipamento (guitarras, violões, pedais de efeitos, amplificadores e cordas) para shows e gravações?
Minha guitarra é uma semi acústica DeArmond X-155. O violão de aço é um Martin Shenandoah – que foi um presente do meu avô Randy Wood - produtor musical e fundador da companhia Dot Records. Tenho um violão de cordas de náilon Yamaha CG-100SA, que foi meu primeiro instrumento. Uso cordas D’Addario, teclados Yamaha S90ES, amplificadores Roland, Fender, Danelectro e microfones Shure.
Para finalizar, quais são seus planos musicais e quando você tocará no Brasil?
Espero me envolver mais com a cena de música brasileira em Los Angeles. Recentemente comecei a tocar com uma nova banda e espero poder divulgá-la o máximo possível. Gostaria de incorporar mais influências de outros artistas e culturas. Estou compondo novas canções e em breve gravarei outro CD. Sinceramente, conciliar a música e medicina veterinária é um desafio – requer muita dedicação para ter êxito em ambas carreiras.
Nunca pensei em ser uma musicista famosa, especialmente hoje em dia, onde o universo musical é tão efêmero. Mas uma coisa legal da música é que todo esforço é recompensado, é uma evolução natural. E quem sabe se algum dia, inesperadamente, a oportunidade bate na sua porta! Sobre tocar no Brasil, espero que possa fazê-lo em breve! Faz alguns anos que estive pelo país e acho que está chegando a hora de fazer outra jornada. E desta vez, levarei o meu violão!
Fotos: Brandon Peters
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