21/10/2011

Reforma e customização do baixo da Litha

Reforma é um lance que eu curto muito fazer. E melhor ainda quando tenho liberdade para customizar e mudar alguns detalhes! Mas essa coisa de "tunar"o instrumento é 7 ou 70...ou faz de um jeito que mude radicalmente, ou não faz faz quase nada - quando não se quer descaracterizar em demasia.
Um dia, conversando com uma amiga que mora na cidade de Limeira, a Litha. Ela me mostrou algumas fotos do contrabaixo de 5 cordas que ganhou do pai. A princípio, o objetivo era apenas regular o instrumento, colocar cordas novas e deixar a tocabilidade mais confortável.
Olha como era o instrumento em questão:
.
Marcamos um dia na escola, ela aproveitou para assistir aulas num sábado e trouxe o contrabaixo. (a Litha, aliás, é quem digitou a nossa apostila do curso básico para podermos...finalmente...digitalizar todo o conteúdo). Voltando ao baixo...tem mais fotos no flicker, os links estão no final da postagem.
No referido dia, apenas dei uma bisolhada rápida e pluguei-o num amplificador. Visualmente, o baixo estava bem judiado - pintura descascada - com uma cor sobreposta a outra. Ou seja, o mesmo já tinha sido reformado, mas de maneira bastante irregular. O pior quando a cor roxa é sobreposta pela cor branca - tinta automotiva com camada chinfrin de verniz. O que aconteceu é que as beiradas estavam descancando e partes do encaixe e da cavidade dos captadores também apresentavam danos significativos. A parte elétrica estava funcionando, porém a fiação, componentes e soldagens pecavam pela falta de organização e limpeza.
Um detalhe, não foi a Litha que detonou o baixo...ela já pegou ele assim "meio" capenga da loja que comprou e outras "gambis" foram feitas por um luthier da região...
E o som? Então... tava totalmente desajustado em termos de timbre. Na semana seguinte, dei uma bisbilhotada melhor e decidi reformar ele todo. Deixar tudo novo. E olha que eu curto instrumento desgastado, a lá relic...com aspecto vintage. Mas neste caso, não tava um visual bacanudo, sem nenhuma "vibe". Então...reforma já!
E quando decidi reformá-lo, era também para valorizar o instrumento!
Ai começou a saga...Primeiro, arranquei a parte elétrica, as peças, captadores - deixei o baixo "pelado" e comecei a remover a tinta... aliás, as duas tintas...primeiro o branco e depois o roxo da camada inferior...que era metalizado (até que era bonito, mas enjoativo).
E deixei corpo e braço na madeira crua. Conversei com a Litha e dei algumas sugestões de acabamento: preto translúcido ( a primeira escolha dela), preto brilhante, preto fosco, preto metálico, branco ( de novo)...ou natural. E nesse "vai vem"...ela decidiu pelo preto metálico.
Lógico que ela também citou cores que não queria: tipo rosa e verde! E decidido...pedi pro pintor colocar um pouco de glitter azul no acabamento metálico...e isso deixou o visual do baixo bem "GLAM"!!!
Arrancar o acabamento foi rápido....depois fiz o mesmo com o braço...e falando do dito cujo...arranquei os trastes que estavam gastos e descolando. E pra variar... o ajuste do tensor estava no "talo". Tive que trocar o bullet de ajuste do tensor e retificar a escala com o tensor no ponto zero. Assim, ganhamos mais regulagem.
Fiz uma infiltração numa rachadura perto da tarraxa da corda Si grave, fiz um nivelamento de trastes e mandei corpo e braço pra pintura.
Bom, depois de 3 semanas, o corpo e braço estavam comigo....no feriado de 12 de outubro, eu comecei a montá-lo. E meio que aos 40 minutos do segundo tempo, porque...dias 15 e 16 de outubro....levaria o baixo pra Litha e mostraria o instrumento durante meus workshops em Limeira e Rio Claro.
A cor nova (preto metálico) ficou muito boa. Resolvi fazer um escudo para o baixo. Já tinha desenhado e feito um molde e fiz 3 escudos diferentes - que a Litha poderá escolher e colocar de maneira simples (um dos lados fixo no rebaixo da escala na região do tróculo... e outro lado fixo com fita dupla face). Só dar uma olhadinha nos albuns do flicker...os links estão no final da postagem.
Headstock novo com tampa da cavidade de tensor.
O baixo todo reformado com cordas e correia personalizada ( de "oncinha", no melhor estilo "poser dos anos 80")...
Aproveitei as tarraxas, mas tive que substituir uma delas. Fiz uma nova tampa de cobertura da cavidade de ajuste do tensor, coloquei os mesmo captadores ( que originalmente estavam ligados passivos), mas mantive esse "status"...mas poderão ser modificados. Refiz toda a parte elétrica, troquei os potenciômetros e só mantive o jack original. A ponte original foi mantida, mas ficou 2 semanas sendo desinfectada e lubrificada...e troquei os knobs originais cromados por pretos. E instalei um strap-lock, encomendei uma correia estilo "oncinha poser". Em termos de ajuste, como a escala e os trastes estavam 777% perfeitos...tudo rápido e fácil.
Bom, além da pintura nova (que realmente ressuscitou o baixo)...o escudo foi a customização que deu um "up" no visual. As três opções de escudos também é algo diferente. Inclusive as tampas traseiras da parte elétrica também tem essas opções. O verniz brilhante no braço também valorizou bastante e o mais importante: a troca dos trastes, retífica da escala e reparo no tensor.
Olha o instrumento e a "dona" juntos novamente....o mais legal é saber que ela curtiu o visual novo do contrabaixo....

20/10/2011

Tudo se aproveita...já dizia o Lavoisier!

Eu acho muito mais fácil, construir um instrumento do "zero" (cortar as madeiras, utilizar os gabaritos para o processo e não perder muito tempo com cálculos e "gambiarras"). Ou seja, sigo uma cronologia lógica e utilizando uma boa quantidade de dispositivos - assim a mente trabalha em piloto automático. Mas são justamente as adaptações e customizações que nos obrigam a ser versáteis e criativos...E tem outra... acho que "criar" hoje em dia....é muito relativo! A metalinguagem do ofício luthierístico segue a risca o que disse Antoine Laurent Lavoisier: "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" !!!!!!
Vocês concordam?
Neste caso...ou no caso desta guitarra... a "coisa toda" foi concebida com sobras, retalhos e partes abandonadas.
O corpo é de madeira poplar. Trata se de uma Jackson Tradicional com a famosa " piscina" ou "marmita" na parte central - para abrigar os captadores e outra cavidade padrão para inserção de tremolo do tipo Floyd Rose. Acho que era um corpo de reposição, que o fabricante envia para o representante (dealer) com fins de manutenção ou substituição. Paguei um preço módico e na verdade, a finalidade dessa aquisição seria para outro objetivo. Acreditem...iria adaptar esse corpo para ser um relógio de parede!!! Fiz o projeto e bolei os mecanismos...mas acabei comprando 3 corpos idênticos. Desta forma, decidi utilizar 2 corpos para guitarras de verdade e apenas um corpo para o tal do relógio.
Decidi fazer uma guitarra com listras a lá Eddie Van Halen, porém resolvi exagerar no conceito e utilizar peças que tinha disponíveis no meu estoque.
No corpo, tampei a cavidade da ponte enxertando pedaços de madeiras. Optei em não utilizar tremolo do tipo Floyd Rose, decidi utilizar a Wilkinson VS do tipo flutuante. Bolei as listras utilizando uma fita crepe e logo em seguida entreguei para o pintor.
Escolhi a cor amarela CET e as listras ficariam pretas...um encontro de Eddie Van Halen com Oz Fox (Stryper)! Mas o instrumento seria também chamado de "guitarra abelha", guitarra caterpillar, guitarra CET, guitarra Police Line don´t cross, etc...etc...
Enquanto o corpo estava na pintura, tinha que fazer o braço...E acabei encontrando 2 braços que estavam semi processados por mim. Coisa muito antiga - que abandonei por falta de tempo e falta de vontade de finalizar...
Fiz as medições com relação a ponte e um desses braços tinha a possibilidade de ser adaptado com medida de escala de 25 polegadas (similar a PRS). Mas com 24 trastes!
Retomei o processo do braço e finalizei em 3 dias ( não consecutivos). O corpo da guitarra veio e depois encaminhei o braço para a pintura.
Na foto acima, o corpo pintado e o escudo que decidi utilizar (preto perolado). Cortei um pedaço da chapa de acrílico e fiz um escudo tradicional...sem muita firula, bem típico!
Terminado a ergonomia do escudo, inseri os captadores (HH777 Hellbucker na ponte e HH777 Realbucker no braço), ambos preto/amarelo....para combinar com as listras. Knob de volume amarelo e chave de 3 posições. Bem simples!
Introduzi a ponte da Wilkinson (preta) na cavidade e montei a parte elétrica interna.
O escudo preto perolado ficou bom, mas senti falta de algo....resolvi então fazer a mesma coisa que fiz no corpo - colocar listras no escudo....mas criando um contraste: corpo amarelo com listras pretas, porém escudo preto com listras amarelas!!!
Para tal, comprei uma fita amarela de PVC para demarcação de solo e "me matei" cortando a dita cuja com um estilete de responsa...Logo mais abaixo, vocês poderão checar como ficou.
Posteriormente, o braço veio da pintura e estava com a cor alterada com relação a cor do corpo, mas sem problemas...mais contraste não faz mal nenhum....E o logotipo "vazou" ....ou seja, não ficou muito bom, mas "vamo que vamo"....
Coloquei um nut da Graphtech, excelente por sinal...fácil de instalar e muito prático!
Vista do corpo montado com as cordas. O contraste das listras do corpo com as listras do escudo chama a atenção. É rebuscado, mas produz um efeito de profundidade...de dimensão...
No início achei um exagero....mas aos poucos...fui acostumando....
Olha a guitarra montada: corpo de poplar, braço de marfim costeiro tipo extra (bem rígido, sêco e na radial), escala de cabreúva na radial bem escura (parece um ébano), captadores HH777, volume, chave de 3 posições, jack, ponte Wilkinson VS, tarraxas Wilkinson Ezy Lock, nut Graphtech, straplock Schaller e tensor Gotoh.
Bom, o captador da ponte está com o imã fraco. Vou pedir para que me mandem outro igual. O ganho do referido está mais baixo que o do braço. Mas é um detalhe bem simples de resolver com a substituição...acontece nas melhores famílias...(até pensei em substituir o imã, mas essa peça precisa voltar a fábrica para ser contabilizada e checada - em termos de controle de qualidade...mas já vou avisando que os HH777sss apresentam baixíssimo índice de defeitos...pelo menos comigo, este é o primeiro em 8 anos de parceria).
Coloquei cordas DR .010 Tite Fit...e antes da montagem final...fiz um nivelamento de trastes bem sutil. Em termos de tocabilidade, achei satisfatório. O tremolo não desafina as cordas e os timbres estavam muito bons ( apesar do captador da ponte estar avariado)...
Não tirei muitas fotos do processo e nem as quis colocá las aqui em grande quantidade! Pela simples razão de ser um instrumento a lá Frankenstein, achei que uma versão mais resumida seria melhor....
Na próxima, vou colocar detalhes e fotos de um contrabaixo que reformei...
Valews!

17/10/2011

Mudar é preciso....yeah


Mudar nem sempre é preciso, mas mudanças sempre dependem do nosso próprio esforço. De nossa capacidade de refletir tal propósito em nós mesmos. Nada como criar novos estímulos e novos desafios. Mudar sim, é preciso...
Encerrei um ciclo recentemente. Inicio outro a partir de agora. Começo sozinho e agradeço a receptividade dos novos parceiros que já encontro pela estrada!
Pra quem está num dilema, vai a dica: não tenha receio de mudar!

Novidades!

Oi galera, gostaria de agradecer a todos que encontrei durante a Expomusic: expositores, músicos, representantes, lojistas, alunos, ex alunos, amigos e gente nova que se tornaram amigos! A expo é um evento que nos proporciona rever as pessoas que conversamos o ano todo por email, Facebook, telefone, etc....é a oportunidade de conversar pessoalmente! Valew mesmo!
Logo depois da Expo, fechei 2 workshops no interior de São Paulo. São eventos que falo a respeito de luthieria, meu trabalho na escola de Luthieria, mercado de trabalho, os shows que trabalho e quando posso, faço um som.
Não estou divulgando esses workshops, porque ainda estou na fase de experimentação. Em 2012, com ou sem "profecia maia"...deverei dar continuidade com esses eventos, mas prometo divulgar...
Já fiz alguns em Campinas, Cuiabá, Rio Claro, Limeira, alguns aqui em São Paulo e provavelmente marcarei um ou dois este ano... ainda. Estou negociando a "ajuda de custo" com as empresas que me patrocinam. Todos os workshops que realizei até o momento, foram custeados pelos contratantes, o que onera muito o custo de produção. Vamos ver se conseguimos "baratear" e levar o workshop para mais locais.
Agradeço a todos que prestigiaram minha entrevista no site guitar experience! E vocês podem conferir no site, uma nova seção "Análise" - onde estarei fazendo testes com equipamentos!
Basta clicar aqui!
Um abrax a todos!